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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Homem morto em salão de beleza era testemunha em investigação sobre grupo de extermínio na polícia


Diego Bruno de Oliveira, o homem que foi assassinado em um salão de beleza do bairro Confisco, na região da Pampulha na noite dessa segunda-feira (24), era testemunha no caso que investigava as ações do extinto Grupo de Respostas Especiais (GRE) da Polícia Civil. A informação foi confirmada pela assessoria do deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
De acordo com a Polícia Militar, a vítima foi baleada cinco vezes no momento em que estava cortando o cabelo. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Santa Terezinha, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade de saúde.
O presidente da comissão enviou um ofício à Secretaria de Defesa Social pedindo apuração "ágil e rigorosa" do assassinato. O deputado quer que seja investigada uma possível ligação entre o crime e o fato da vítima ter testemunhado no processo contra três policiais do GRE.
Os agentes de polícia Gilson Costa, Anderson Marques e Wanderlim de Souza, além de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado também do assassinato de Eliza Samudio, foram acusados de executar Paulo César Ferreira e Marildo Dias de Moura, em 2008. Conforme denúncia feita à Comissão de Direitos Humanos, eles teriam matado os dois homens e dado seus corpos para serem devorados por cães, no então centro de treinamento do GRE, que funcionava de sítio de Bola, em Esmeraldas.
Diego e outro homem teriam estado com as duas vítimas momentos antes de serem obrigadas a entrar no veículo. Os policiais foram denunciados pelo Ministério Público, por crimes de sequestro, tortura, homicídio e ocultação de cadáver. Na mesma época, tiveram a prisão decretada pela Justiça.
No dia 17 deste mês, Diego e a outra testemunha foram ouvidos na Corregedoria de Polícia Civil. A assessoria de Durval Ângelo acompanhou o outro homem em seu depoimento e constatou que as testemunhas estavam sendo ouvidas em audiência que contava com a presença dos três acusados.
“Não deixa de ser uma grande coincidência que Diego tenha sido executado uma semana depois de prestar depoimento na Corregedoria. E o pior é que, conforme nossa assessoria pôde constatar pessoalmente, Diego foi ouvido na frente dos três policiais acusados, o que é totalmente incomum e pode ser interpretado até como intimidação”, protestou Durval, que também pede em seu ofício informações sobre o porquê de as testemunhas terem prestado depoimento na presença dos próprios acusados.
O deputado lembrou que, em maio desse ano, já havia questionado a Polícia Civil sobre a demora na prisão do policial Gilson Costa. Mesmo com a prisão decretada naquela época, ele teria sido visto por várias vezes transitando normalmente no Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), local onde trabalhava. “Somente depois de nosso protesto, o policial se entregou, mas a prisão foi revogada pouco tempo depois”, disse o deputado.
Durval Ângelo informou, ainda, que já está sendo procurado por outras testemunhas do processo que envolve os policiais do GRE e que temem serem mortas, assim como Diego.
Entenda o caso - Investigação da Corregedoria da Polícia Civil iniciada em 2008 indiciou os policiais Gilson Costa, Wanderlim de Souza e Anderson Marques por cárcere privado, sequestro e peculato. O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, também foi indiciado.
Todos são acusados de fazer parte de um grupo de extermínio que operaria dentro do Grupo de Respostas Especiais (GRE), divisão que era considerada a tropa de elite da corporação.

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