Dayane Costa Felipe, de 24 anos, é estudante e, desde pequena, sabia que era diferente das outras pessoas de Teixeiras, na Região da Zona da Mata, em Minas Gerais. Ela nasceu com um mamilo no calcanhar direito. “É o meu xodó. Eu nasci com isso e toda a minha família já acostumou. As pessoas se assustam quando explico o que é”, disse.
Ela diz que sempre soube que tinha um mamilo no pé, mas só foi confirmar a notícia em novembro do ano passado. “Quando eu fiquei grávida, o mamilo inchou e fui ao médico. Ele me confirmou que era um tecido mamário, mas que parecia que não tinha glândula”, falou.
Desde pequena, Dayane está acostumada ao susto das pessoas quando elas descobrem o que ela tem, mas explica que algumas amigas já tiveram inveja dela. “Quando era mais nova, minhas duas vizinhas desenhavam um mamilo igual ao meu”, explicou.
Segundo a estudante, a melhor amiga aprontou um escândalo quando descobriu que não se tratava de uma pinta. “Ela [melhor amiga] começou a gritar meio sem entender o que era perguntando o que é isso”, disse.
De acordo com ela, a pedicure ficou anos sem perceber que aquilo não era um calo. “Quando eu contei para ela [pedicure] que era um mamilo, ela começou a chamar várias pessoas para ver. Essa é a reação das maiorias das pessoas, mas estou acostumada”, falou.
Dayane conta que um médico perguntou por que ela ainda não havia retirado o mamilo do calcanhar, já que isso poderia ser feito. E ela respondeu “por enquanto não deu problema e não vou tirar. É muito sensível, mas nunca me atrapalhou. Realmente vira um xodó. É igualzinho a um peito mesmo”, falou.
Avaliação médica
De acordo com a mastologista do Hospital das Clínicas da UFMG, Soraia Zhouri, o caso da terceira mama em regiões inferiores, como o calcanhar, é raríssimo.
De acordo com a mastologista do Hospital das Clínicas da UFMG, Soraia Zhouri, o caso da terceira mama em regiões inferiores, como o calcanhar, é raríssimo.
“Casos dos chamados mamilos supranumerários são normais, mas nessa localização é bem incomum. Geralmente eles seguem a linha mamária dos mamíferos que vai desde a axila e desce até a pélvis. Essa alteração fora da linha mamária pode ter sido ocasionada por um desgarre de alguma célula dessa linha que se alojou em uma área incomum do corpo”, explica.
A especialista afirma que casos nas axilas, no tórax e no abdômen são mais comuns, e muitos nem sabem que possuem a anomalia.
“Algumas pessoas passam a vida inteira pensando que é uma pinta e só percebem que é um mamilo no período de lactação e na gravidez, pois a área aumenta e pode produzir leite”, diz Zhouri.
Ainda segundo a médica, o principal desconforto relatado pelos pacientes é o estético e, por isso, muitos optam em fazer uma cirurgia de retirada. A especialista alerta que a terceira mama exige os mesmo cuidados que as outras. “Ela tem que ser olhada e avaliada porque é uma glândula mamária e pode, em casos raros, ter um tumor. Ela não é de todo inocente e não deve ser esquecida”, conclui.
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