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sexta-feira, 30 de julho de 2010

Polícia diz que inquérito do caso Eliza foi concluído

A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu, no fim da tarde desta quinta-feira (29), o inquérito sobre o desaparecimento de Eliza Samudio. Segundo nota publicada pela assessoria de imprensa da corporação, o inquérito tem oito volumes, com cerca de 1.600 páginas e três anexos. O documento deverá ser encaminhado ao Ministério Público Estadual na sexta-feira (30).
O goleiro Bruno de Souza foi indiciado por homicídio, sequestro e cárcere privado, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menores. De acordo com a polícia, devem responder pelos mesmos crimes Luiz Henrique Ferreira Romão (conhecido como Macarrão), Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, Dayanne Souza (mulher de Bruno), Elenilson Vitor da Silva, Sérgio Rosa Sales (primo do atleta) e Fernanda Gomes de Castro (amante do goleiro).
A polícia disse que o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola e Paulista, foi indiciado por homicídio qualificado, formação de quadrilha e ocultação de cadáver.
Dos nove indiciados, Fernanda é a única que está em liberdade. Todos os outros estão presos na Região Metropolitana de Belo Horizonte e negam o crime.
O advogado Ércio Quaresma, que coordena a defesa de Bruno, Macarrão, Dayanne, Flávio, Wemerson e Elenilson, disse que todos os seus clientes negam o crime. O advogado Zanone OlO advogado Marco Antônio Siqueira, que defende Sales, disse que seu cliente foi apenas testemunha. Sales já disse, em depoimento, que viu Eliza machucada no sítio de Bruno, em Esmeraldas (MG), e que ouviu outros suspeitos comentarem sobre a morte da jovem.
Na semana passada, Fernanda admitiu que viajou com Bruno do Rio de Janeiro até Minas Gerais, na época em que Eliza desapareceu. Ela disse que Macarrão, amigo do goleiro, acompanhou o casal. Mas afirmou que não teve contato com Eliza.
Advogados comentamFrederico Franco, advogado que trabalha com Ércio Quaresma, disse que a equipe ainda vai analisar o inquérito e aguardar posicinamento do Ministério Público, que pode fazer a denúncia à Justiça ou devolver o documento para a polícia.
O advogado classificou o inquérito como "natimorto". “[O inquérito] não tem provas, vai nascer e vai morrer e todos irão para a rua.”
O advogado Zanone Oliveira Junior disse que já esperava o indiciamento de seu cliente, Bola, e foi irônico ao comentar a conclusão do inquérito policial. "O inquérito vai sair das mãos do [delegado] Edson Moreira, que maravilha! Demorou para isso acontecer. Agora a pressão vai diminuir e advogados vão parar de ser barrados na porta do Departamento de Investigações”, afirmou o defensor.iveira Junior, que representa Bola, também diz que o ex-policial não teve
participação.
Marco Antônio Siqueira, que representa Sérgio Rosa Sales, reafirmou que seu cliente "não participou" dos crimes. “Eu fiquei surpreso por ele ter sido indiciado, pois tudo o que vi no depoimento é que ele não teve nenhuma conduta delitiva", comentou. "Continuo confiante de que quando o promotor analisar a situação do Sérgio, ele não vai oferecer denúncia e apenas vai aproveitá-lo como testemunha”, falou. "O indiciamento não significa que a pessoa vai ser condenada. Cabe ao promotor dizer qual crime a pessoa cometeu."
Em resposta aos advogados, a assessoria de imprensa da Polícia Civil disse que o trabalho dos delegados já foi concluído e agora a análise do inquérito deve ser feita pelo Ministério Público.Pais de ElizaO advogado Sérgio Barros da Silva, que representa Luiz Samudio, pai de Eliza, afirmou ao G1 que seu cliente ficou “satisfeito” com o indiciamento de Bruno e dos outros suspeitos. “Está dentro do que esperávamos, eles [suspeitos] foram indiciados por vários crimes. Apesar de ter todos os elementos para um indiciamento por tortura também, já que Eliza foi espancada, não há muitas provas. Esse caso fica a critério do Ministério Público agora, que pode sim entender que houve tortura”, disse.
A advogada Maria Lúcia Borges Gomes, que representa Sônia de Fátima Moura, mãe de Eliza, disse ao G1 que sua cliente preferiu não comentar a conclusão do inquérito.
MenorO menor que foi detido na casa de Bruno, no Rio de Janeiro, em 6 de julho, permanece em um centro de internação provisória, em Belo Horizonte.
Ele participou de uma audiência de instrução, na semana passada, no Juizado da Infância e da Juventude de Contagem (MG). De acordo com o advogado Eliézer Jônatas de Almeida Lima, que representa o adolescente, o promotor Leonardo Barreto Moreira Alves pediu a internação do menor, alegando envolvimento em atos infracionais análogos a sequestro, cárcere privado e homicídio.
O advogado entregou a defesa de seu cliente ao juiz Elias Charbil, na última segunda-feira (26). Lima argumenta que que o menor foi chamado por Macarrão apenas para "dar um susto" em Eliza, e não sabia que se tratava de um sequestro. O defensor disse ainda que não há provas de que a jovem foi assassinada. A Justiça não divulgou a decisão.
QuestionárioMais cedo, nesta quinta-feira, os oito suspeitos presos foram levados ao Departamento de Investigações (DI), em Belo Horizonte.
Dayanne foi a primeira a chegar. Pouco depois, outros nove carros pararam na delegacia. Eles transportavam seis suspeitos que estão presos no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, incluindo o atleta. Todos vestiam os uniformes da unidade prisional. Sales, que está preso no Centro de Remanejamento de Presos (Ceresp) de São Cristóvão, também foi levado ao DI.
O delegado Edson Moreira disse que os suspeitos seriam "identificados criminalmente".
A assessoria da polícia informou que a identificação criminal é um procedimento realizado normalmente quando o inquérito vai ser encerrado. Os investigadores teriam registrado fotografias e as impressões digitais dos suspeitos.
Mas a advogada Cintia Ribeiro, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) que acompanha o caso, estranhou a iniciativa. "Não existe indiciamento, então não existiria necessidade de colher essa prova", disse ela.
Depois da confusão, a polícia disse que os suspeitos responderam a um questionário sobre a vida pregressa, com informações pessoais e sociais, como local de trabalho, renda e doenças crônicas.
Os oito presos ficaram na delegacia durante seis horas. Na saída, o goleiro Bruno apareceu de visual novo. Ele teve o cabelo cortado dentro do presídio.
Entenda o casoNascida em Foz do Iguaçu (PR), Eliza Samudio se mudou para São Paulo e posteriormente para o Rio. Em 2009, teve um relacionamento com o goleiro Bruno, engravidou e afirmou que o pai de seu filho é o atleta. O bebê nasceu no início de 2010 e, agora, está com a mãe da jovem, em Mato Grosso do Sul.
A polícia mineira começou a investigar o sumiço de Eliza em 24 de junho, depois de receber denúncias de que uma mulher foi agredida e morta perto do sítio de Bruno.
A jovem falou pela última vez com parentes e amigas no início de junho.
O corpo de Eliza não foi encontrado. Mas os delegados consideram a jovem morta.

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