Vereadores envolvidos em escândalo comparecem a reunião da Câmara, mas não se pronunciam sobre as denúncias

O assunto tornou-se público no último final de semana após a publicação em um jornal impresso veiculado semanalmente na cidade de Caratinga. O veículo de comunicação realizou um processo de investigação de notas fiscais anexadas ao relatório de prestação de contas assinado pelo vereador Ricardo Gusmão e apresentado à tesouraria da Câmara de Caratinga, para reembolso das despesas de uma viagem feita para São Paulo que teria se estendido a cidade de Barretos. Na viagem feita entre os dias 21 a 25 de agosto deste ano, estavam João Angola, Ricardo Gusmão e o motorista Sérgio Condé. Foram gastos cerca de R$ 5.171,53, na viagem financiada pela Câmara.
Após solicitar toda a documentação, o jornal A Semana teve acesso às despesas e ligações feitas pelos vereadores, pagas, também, pela Câmara. Os envolvidos estiveram, no início da semana, na redação do jornal responsável pela publicação para explicar o motivo da viagem e alegaram que foram à São Paulo buscar uma cópia do projeto de lei Antifumo na Câmara Municipal daquela cidade e negaram ter participado da “Festa de Barretos”. Segundo o jornal semanal, a análise indica a possibilidade de uso inadequado do dinheiro público por parte dos vereadores. No relatório assinado por Gusmão foram incluídas despesas com as seguintes viagens:
Dia 30 de julho: Manhuaçu
Dia 14 de agosto: Inhapim
Dia 21 de agosto: Belo Horizonte
Dia 21 de agosto: São Paulo
O jornal destaca o fato curioso de que no mesmo relatório, o vereador pede reembolso das despesas de viagens para SP e BH na mesma data.
É importante explicar que os vereadores pode sim ter suas despesas com viagens pagas pela Câmara Municipal desde que eles estejam a serviço do Legislativo ou no exercício de sua função como vereador. Ricardo Gusmão chegou atrasado, mas participou da primeira reunião realizada na noite desta terça-feria na Câmara Municipal. Sem se pronunciar sobre a denúncia ele saiu da casa legislativa sem acompanhar a segunda sessão feita, também, na noite de ontem. João Angola esteve presente nas duas reuniões. Na manhã desta quarta-feira a equipe de Jornalismo do Super Canal tentou contactar os vereadores, mas não conseguiu. João das Mudas comentou sobre a questão.
As notas fiscais com valores questionáveis também foram publicadas pelo jornal semanal, a exemplo da viagem feita de volta a Caratinga, no dia 25. Na ocasião foi retirada uma nota fiscal, emitida por uma lanchonete situada na BR-262, próximo a João Monlevade, no valor de R$ 84,00. Segundo o jornal, no local não são servidas refeições e levanta a questão de que é estranho três pessoas consumirem o valor expresso na nota, somente, com lanches. O vereador teria anexou , ainda, a prestação de contas, dois cupons fiscais de um posto de gasolina localizado no Km 498 da BR 116, no município de Inhapim, referentes a abastecimento: um no valor de R$ 30,00, emitido às 11h09min e outro no valor de R$ 50,00, emitido às 11h11min.
Segundo consta nas notas, a gasolina dos dois abastecimentos somou, pouco menos de 35 litros, combustível suficiente para um carro, em condições normais, andar, pelo menos, 420 quilômetros ou fazer “sete” viagens de ida e volta a Inhapim. O vereador Mestre afirmou que a denúncia precisa ser investigada.
O presidente da Câmara Municipal, Tomé Lucas Pereira, estava viajando na noite desta terça-feira e não pode comparecer a reunião, portanto, não foi possível questioná-lo sobre as possíveis penalidades ou qual a posição da Câmara diante do fato. O presidente interino Valter Cardoso de Paiva, que presidiu a reunião, também não se pronunciou alegando que cabe ao Dr. Tomé decidir o que fazer.