Em novas investigações originadas com a Operação Tormenta, deflagrada em junho e que apura fraudes em concursos públicos em todo o país, a Polícia Federal descobriu irregularidades em outras duas seleções do órgão: para os cargos de escrivão e agente, de 2001, e para delegado e agente, de 2004, diz o delegado Victor Hugo Rodrigues Alves, chefe da operação, ao G1.
A PF já havia descoberto fraude no concurso para agente de 2009, quando gabaritos foram vendidos por até R$ 100 mil. A partir daí, o órgão desenvolveu um software que cruza gabaritos de provas objetivas, ou seja, as que têm questões de múltipla escolha.
"Em uma prova com 100 questões, dependendo do grau de dificuldade das perguntas, a probabilidade de dois candidatos terem um gabarito igual é próxima de uma em um trilhão", disse o policial. Para chegar a essas conclusões, a polícia consultou matemáticos que analisaram as possibilidades por meio de cálculos estatísticos.
O delegado explicou que as quadrilhas, após conseguirem o caderno de questões das provas, sempre as entregam para professores corrigirem. Dessa forma, as respostas acabam sendo muito semelhantes para os candidatos que adquirem esses gabaritos. "Raramente as quadrilhas dão a correção idêntica para todos os candidatos, só que elas mudam apenas uma ou duas questões", disse Alves."Em uma prova com 100 questões, dependendo do grau de dificuldade das perguntas, a probabilidade de dois candidatos terem um gabarito igual é próxima de uma em um trilhão", disse o policial. Para chegar a essas conclusões, a polícia consultou matemáticos que analisaram as possibilidades por meio de cálculos estatísticos.
A partir das suspeitas levantadas por gabaritos muito parecidos, a PF investigou os concursos e, com depoimentos e cruzamento de ligações telefônicas, confirmou as irregularidades nas seleções de 2001 e 2004. "É importante ressaltar que a ferramenta não comprova a fraude, é preciso fazer a investigação policial", destacou o delegado.
Alves disse que a PF aproveitou a tecnologia para fazer auditorias em todos os concursos do órgão desde o ano de 2000. O programa também foi aplicado para verificar gabaritos de outros concursos investigados na Operação Tormenta, como os da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). "Com o software, já conseguimos auditar mais de 60 provas", explicou.
O policial disse ainda que o software está disponível para ser usado por outras organizadoras de concursos públicos. "É uma ferramenta totalmente nova, desenvolvida na investigação da Operação Tormenta. Ela está à disposição de qualquer outro órgão que tenha suspeita de fraude em concursos. Se a ferramenta apontar fraude, iremos investigar."Sete policiais são suspeitos
Alves afirmou que a PF concluiu que os gabaritos das provas de 2004 foram vendidos por cerca de R$ 50 mil. No concurso de 2001, apesar de confirmada a fraude, não foi possível comprovar a venda das provas.
Nesses dois concursos, a PF pediu o afastamento de sete policiais federais. De acordo com o delegado, eles fazem parte de um grupo de mais de 40 candidatos que teriam sido beneficiados pelo esquema para passar nas provas objetivas. Ele explicou, porém, que, dos 40, apenas esses sete conseguiram passar nas outras etapas dos dois concursos e foram convocados.
No caso do concurso de 2001, a fraude foi organizada por uma quadrilha de Brasília, segundo Alves. A prova de 2004 foi alvo da mesma quadrilha que é acusada de fraudar o concurso da PF de 2009 e o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil de 2009, disse o delegado.
Os dois inquéritos já foram concluídos e apresentados à Justiça. O da prova de 2001 está na Justiça Federal, em Brasília, e o de 2004, em São Paulo. Já foram denunciados pelo Ministério Público Federal de SP os acusados de fraude no concurso de 2009 da PF e do Exame da OAB de 2009.
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