Zico não está sozinho. Seu desabafo encontrou eco naquele que foi o jogador que mais vezes vestiu a camisa rubro-negra: Júnior, mais de 800 partidas pelo Flamengo, também deixou de torcer pelo clube que tanto amou.
— Será que somos nós que estamos errados? Estou fora. Não quero nada com o Flamengo. Parei de torcer a partir do momento em que passei a trabalhar do lado de fora, razão mais do que suficiente — disse Júnior, bem mais preocupado com a carreira de comentarista esportivo do que com a crise do time rubro-negro.
A mágoa de Zico não surpreende o ex-lateral. Ele mesmo sentiu na pele drama parecido quando foi convidado por Márcio Braga para ser diretor-técnico do futebol rubro-negro, em 2004. Durou pouco. Na ocasião, Júnior acabou brigando com o então vice-geral Artur Rocha. E saiu reclamando de interferência na gestão.
— Imagino o sofrimento do Zico porque em 2004 minha passagem por lá também foi complicada. Somente com o tempo fui começando a conhecer as pessoas. Muita gente diz que ama o Flamengo, mas isso não é verdade. Muitos só estão lá por interesse — dispara.
Ex-companheiro de Zico e ainda hoje seu amigo do peito, Júnior torce para a mágoa passar. E quer mais: por ele, Zico seria presidente do Flamengo.
— Eu e 35 milhões de torcedores queremos que o Zico seja presidente do clube. Seria altamente representativo. Mas não digo isso a ele. Não me meto na vida dos outros — disse.
Para Júnior, a mágoa e o descaso de Zico são compreensíveis, porém passageiros.
— Se estivesse no lugar do Zico, eu também estaria magoado. Ele é o grande ícone da instituição. Ele parou de torcer porque não quer que as pessoas que lhe fizeram mal se fortaleçam — encerrou Júnior que, a exemplo do maior ídolo rubro-negro, aposentou seu coração de torcedor.
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