Brasil é campeão mundial de raios

Cerca de 60 milhões de raios atingem o Brasil todos os anos e fazem do país o campeão mundial de descargas atmosféricas. Segundo o Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a previsão é de que o país continue a liderar o ranking. Observações feitas por satélite já indicam um aumento de 18% na incidência de descargas atmosféricas nos últimos dez anos e a tendência é de que ocorra um acréscimo ainda maior nas próximas décadas.Numa fração de segundo, um raio produz uma carga de energia que pode chegar a 125 milhões de volts. Mesmo quando esse valor não é alcançado, uma descarga atmosférica tem energia suficiente para matar uma pessoa, provocar incêndios, quebrar estruturas, derrubar árvores e abrir buracos no chão. Por isso o raio é considerado uma das manifestações mais violentas da natureza.Entre 2000 e 2009, 1.321 brasileiros morreram atingidos por raios, o que significa uma média de 132 pessoas por ano. O número surpreendeu os pesquisadores do ELAT/INPE, cujas expectativas eram de no máximo 100 mortes anuais. O levantamento revelou que 85% dos óbitos ocorreram ao ar livre e 19% das vítimas eram trabalhadores rurais que recolhiam animais ou trabalhavam em plantações com enxadas, pás e facões. Ainda segundo a pesquisa, 14% dos casos ocorreram dentro de casa e a maioria das vítimas estava ao telefone ou descalça em residências de chão batido, ou ainda próximas de antenas, lâmpadas, geladeiras, janelas e televisões.Apesar de tantas mortes provocadas por raios, é possível resistir à potência de uma descarga atmosférica. Foi o que aconteceu com uma médica em Belo Horizonte. No dia 25 de janeiro deste ano, ela foi atingida por um raio na área hospitalar da capital. De acordo com testemunhas, a mulher estava próximo a um ponto de ônibus na avenida Alfredo Balena, perto da Faculdade de Medicina da UFMG, quando recebeu a descarga atmosférica. A vítima, de 35 anos, sofreu queimaduras pelo corpo, mas sobreviveu ao acidente.